sábado, 17 de julho de 2010

Um tributo ao mestre Saramago - parte 1

Amanhã faz um mês que o escritor português José Saramago faleceu, é óbvio que um ser humano como esse merece todos os tipos de homenagens e recordações.

Falar de literatura da língua portuguesa sem se lembrar de Saramago é de uma heresia sem precedentes. O único nobel de língua portuguesa até o presente momento (quanto a isso, outros deveriam ter ganho também e não ganharam, só como exemplo: Camões (não existia o prêmio ainda, deveria existir uma condecoração póstuma), Machado de Assis, Fernando Pessoa, entre outros).

Por hora ficaremos com algumas frases desta criatura que com certeza era de uma raça superior à raça humana.

"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais."

"há coisas que nunca se poderão explicar por palavras"

"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas."

"Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro."

"Tudo neste mundo tem uma resposta. O que leva é tempo para se formular as perguntas"

"Uivemos, disse o cão" - Livro das Vozes

"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" - O Livro dos Itinerários

"A estupidez não escolhe entre cegos e não cegos. É uma manifestação de mal humor, assente sobre coisa nenhuma, e pronto, acabou, nada mais"

"Portugal deveria ser província de Espanha e se chamar Ibéria para não ofender o brio dos portugueses"

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

Se tens um coração de ferro, bom proveito. o meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

Do livro Ensaio sobre a Cegueira
"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem"

"O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui."

"Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam."



A seguir todos os romances publicados pelo autor

Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009


Mais assuntos a respeito de Saramago serão postados.

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