sábado, 17 de abril de 2010

Sobre a Copa de 2014 no Brasil

Retirado do Blog do Juca Kfouri(http://blogdojuca.uol.com.br)

Na “Folha de S.Paulo”, de ontem(16/04). - JUCA KFOURI
Coragem, candidatos!
Que aspirante à Presidência do Brasil anunciaria a desistência em fazer a Copa e a Olimpíada no país?
PRIMEIRO , foi São Paulo que submergiu sob as chuvas de verão.
Depois, o Rio, devastado pelas águas do outono.
A fragilidade de nossas duas principais cidades, e do seu entorno, ficou, mais uma vez, dolorosa e dramaticamente evidenciada.
Faz sentido investir em estádios para a Copa do Mundo?
Faz sentido investir em estádios e acomodações para a Olimpíada?
Sim, sabemos que não investir no supérfluo não garante o investimento no essencial.
E que já houve experiências lucrativas em países que receberam tanto um quanto outro evento.
Mas um país que permite, e estimula, o surgimento de favelas sobre lixões, e de bairros sobre pântanos, está apto a ser olímpico?
Teria José Serra a coragem de dizer que entre as suas prioridades não estão a Copa do Mundo e a Olimpíada e que desiste delas?
E Dilma Rousseff? Viria a público, mesmo que lamentando, para dizer que o país deve abrir mão dos dois eventos porque ainda não é a nossa hora de fazê-los?
Marina Silva seria a candidata a botar o dedo nessa ferida?
Ninguém nega a importância que eventos desse porte têm para um país emergente. Ninguém nega.
Mas e num país submergente? Dá para encarar?
Esqueça o refrão da corrupção, faça de conta que tudo será feito com lisura.
Ainda assim, depois de tudo que passou o eixo Rio-São Paulo, o mais rico e influente do Brasil, faz sentido Copa ou Olimpíada?
Desnecessário repetir que houve um terremoto no Chile e em seguida se fez a Copa do Mundo de 1962 no país andino.
Ou a mesma coisa em relação ao México, em 1986.
Porque, se catástrofes naturais são o que são, o fato é que não se pode comparar a magnitude do que houve lá com o que as chuvas, por fortíssimas que tenham sido, e foram mesmo, causaram por aqui.
Esperar que os céus nos poupem em 2014 e 2016 porque, afinal, as festas esportivas se darão em meses de estiagem, será confiar demais no destino.
Como confiaram os desgraçados do Morro do Bumba, no Rio de Janeiro, ou do Jardim Pantanal, em São Paulo.
A situação em que ficaram as piscinas do São Paulo Futebol Clube e o Maracanã e o Maracanãzinho deveria servir para convencer até os mais teimosos sobre a aventura em que estamos entrando e que ainda podemos evitar.
O que aconteceria com um candidato que anunciasse ao Brasil que, se eleito, abriria mão dos dois eventos e poria o dinheiro, por exemplo, na erradicação das favelas?
E no saneamento básico.
E na educação.
E na saúde.
Perderia votos? Ou ganharia?
Eis aí uma boa pergunta para as pesquisas que todos os candidatos fazem em seus comitês. Suspeito que o resultado venha a ser positivo.
Sim, você dirá que sou um sonhador ou um ingênuo, até porque vou ainda mais longe: afirmo que, mesmo que uma pesquisa revelasse perda de votos, ainda assim, um verdadeiro líder, destemidamente a favor do Brasil, bancaria a decisão.
E, então, alguém se habilita?
O meu voto, ao menos, ganharia."
"


Do candidato do PSOL - Por PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO*
Prezado Juca,
Parabéns pela sua coluna, “Coragem, candidatos!”.
De fato, é um absurdo gastar milhões para construir um centro olímpico enquanto 40 mil famílias do Rio de Janeiro são obrigadas a viver em áreas de risco.
Além disso, a experiência dos Jogos Panamericanos foi ultrajante: os morros e favelas foram isolados como se seus moradores fossem criminosos.
Pretendo denunciar tudo isto na minha campanha para Presidente da República.
Você termina seu artigo com uma série de interrogações.
No meu caso, a resposta é positiva: aceito o desafio.
*Plínio de Arruda Sampaio é candidato do PSOL à presidência do Brasil.





Lendo esse texto do Juca só reforço uma questão mais batida do que água em pedra, pra que gastar tanto dinheiro público com construção de estádios, não há outras prioridades? vivemos num país de primeiro mundo a mil maravilhas? Se querem uma Copa do Mundo no Brasil, porque não fazer nos moldes que nos é permitido?
Não é por nada não, mas esse Plínio de Arruda Sampaio sai na frente pela disputa do MEU voto. E olhe que eu gosto de futebol e torci para que o Brasil conseguisse sediar essa competição pela segunda vez na história, mas do jeito que anda, já estou me arrependendo!

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